Princípios da Ecologia Médica

Da explicação da doença como castigo divino às correlações modernas com os fatores do meio ambiente passaram-se mais de dois milênios. Em todos os tempos, porém, concepções religiosas, animistas e supersticiosas disputaram a primazia com a ciência. Por outro lado, a querela entre os que defendiam a idéia do contágio contra os que viam nos miasmas a causa das enfermidades desenrolou-se durante séculos, com implicações importantes para o comércio e o tráfego internacional, uma vez que a aceitação da teoria contagionista implicava na adoção da quarentena como forma de proteção, em épocas de epidemia.

Nos nossos dias, a teoria miasmática ressurge mal disfarçada na concepção popular de poluição ambiental, e autoridades culpam fatores mesológicos como as alterações da corrente marinha El Niño por epidemias que se devem, na realidade, ao relaxamento das ações de controle sanitário.

Este livro resume alguns princípios fundamentais da ecologia médica, que se preocupa com o estudo das relações dos fatores do meio ambiente físico e biológico com a saúde. As implicações da globalização das comunicações e transporte, da circulação de pessoas, alimentos, animais, plantas e microorganismos são claras e resultam na alteração dos pdrões clássicos da geografia da saúde e da doença.

A queda das barreiras políticas e ao livre trânsito de pessoas e produtos é responsável, em grande parte, pelas chamadas doenças emergentes, que atualmente constituem a maior preocupação da ecologia médica.

Fernando Dias de Avila-Pires – holos@highnet.com.br

Princípios de ecologia médica. 
2000, Editora UFSC, Florianópolis.